O "ouro maia" ultrapassa fronteiras e conquista cada vez mais países, principalmente na Ásia, onde o consumo de chocolate e o cultivo de cacau estão em alta, segundo os organizadores do Salão do Chocolate, cuja 18ª edição abrirá as portas na próxima quarta-feira em Paris.
"Quase todos os países do mundo têm hoje um vínculo direto com o chocolate, principalmente os países asiáticos, com seus mercados potencialmente colosssais", dizem Sylvie Douce e François Jeantet, fundadores do salão parisiense.
Na Ásia o consumo de chocolate, que foi descoberto pelos maias há mais de 14 séculos, está em alta há cerca de 20 anos, principalmente na Índia, Coreia, China e Vietnã. Alguns desses países, como o Vietnã e a Indonésia, começaram também a cultivar o cacau.
Muitos países produtores de cacau se transformaram em grandes consumidores de chocolate, como o Brasil, quinto produtor mundial e sexto país consumidor, dizem os organizadores do salão, que tem versões na América, Europa e Ásia.
Em todo o mundo, o consumo mundial de chocolate chega a cerca de três milhões de toneladas anuais, o que representa de 3 a 4 bilhões de euros em negócios anuais, segundo números divulgados na véspera da abertura do salão, que reúne profissionais, aficionados e gulosos, com até um desfile de vestidos fabricados em chocolate.
Seis multinacionais, Hershey, Mars, Philip Morris, Nestlé, Cadbury e Ferrero, representam cerca de 85% do mercado de cacau e chocolate, segundo as cifras.
Desde os anos 1990, o consumo de chocolate aumentou 25% em média a cada ano no Japão, 30% na China e 20% na Índia, onde mais da metade dos habitantes nunca provou sequer um chocolate. Na Índia, o chocolate consumido contém muito leite e é muito mais doce que na Europa.
"O exemplo mais flagrante (desta alta no consumo de chocolate) é o Japão, que se transformou há dez anos em adepto, e que agora organiza um Salão do Chocolate em sete cidades", disse Jeantet.
Na China, o consumo de chocolate era quase inexistente há 50 anos. Hoje ainda é menos que no Japão ou na Coreia do Sul. Mas alguns especialistas estimam que em dez anos a demanda de chocolate na China será superior à oferta.
Com o crescimento e desenvolvimento econômico do país, os hábitos de consumo dos chineses, principalmente nas grandes cidades, se parecem com os europeus, que descobriram o chocolate há mais de cinco séculos, após a conquista da América.
Desde sua criação, o salão parisiense, que reúne 400 participantes, faz escola: hoje há cerca de 21 salões em todo o mundo dedicados ao chocolate, desde Nova York até Xangai, passando por Lima (Peru), Salvador (Brasil), Moscou (Rússia), Zurique (Suíça) e, claro, Tóquio.
Seul, onde vive um quarto dos 48 milhões de habitantes da Coreia do Sul, lançará em janeiro seu salão, o que reflete a alta do interesse pelo produto.
No Brasil, com cerca de 192 milhões de habitantes, "o mercado de chocolate está em explosão", disse em entrevista à AFP o chef francês Stéphane Bonnat, acrescentando que o consumo no país prefere, há anos, um cacau fino, de grande qualidade.
A Rússia é o maior mercado potencial para o chocolate, com um aumento de 30% há cinco anos. Atualmente, um russo consome somente três quilos de chocolate por ano, muito diferente dos alemães, britânicos ou suíços, que degustam entre dez e 12 quilos por ano.
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